Torcedores lotam Araújo Vianna para missa em homenagem a Fernandão (Foto: Tomás Hammes/GloboEsporte.com)

A missa que homenageou o ídolo colorado Fernandão, morto na madrugada deste sábado em um acidente de helicóptero, em Goiás, emocionou cerca de três mil colorados. Organizada pelo Inter, a homenagem pintou de vermelho o auditório do Araújo Vianna, na avenida Osvaldo Aranha, em Porto Alegre, na tarde tarde deste domingo. Em meio a lágrimas, colorados deram adeus ao ídolo e ao final do ato ainda tiveram forças para entoar as músicas eternizadas pela torcida no Beira-Rio.

 Os torcedores lotaram o local para prestar a última homenagem ao eterno capitão da Libertadores e do Mundial de 2006. Para relembrar os momentos de glória do atacante com a camisa do Inter, cartazes, pôsteres e um telão foram colocados no auditório. Imagens com gols e a, rápida passagem do ídolo como treinador do Colorado, foram exibidas.

A missa começou com um depoimento carregado de emoção de um torcedor. Leandro Bortholacci foi o responsável por falar sobre Fernandão. Tentando segurar as lágrimas e terminar o discurso, elogiou a conduta do capitão:

– Além de um ídolo dentro do campo, e um exemplo de caráter que o Brasil precisa.

Corneta do Padre

O auditório Araújo Vianna também teve momentos de arquibancada. E o palco, transformado em altar para a missa em homenagem a Fernandão, conseguiu, mesmo que por poucos momentos, aliviar a dor pela qual os colorados passam, dar uma pitada de humor e mandar uma alfinetada ao Grêmio.

Enquanto defendeu o Inter, F9 ficou marcado por ser um algoz do rival. Marcou logo na estreia o gol 1000 dos Gre-Nais. Depois, ainda fez mais três. E, na tarde deste domingo, enquanto os torcedores buscavam passar conforto e sentiam a dor pela perda do ídolo, coube ao Padre Leandro Chiarello esquentar o clima. Ao falar sobre a morte de Fernandão, cornetou o Grêmio, chamado de Imortal:

– Nós não somos imortais. Nós somos eternos – disse.

A ação do padre levantou os colorados, que o aplaudiram de pé e gritaram “Inter, Inter”.  Bem humorado, Chiarello ainda mandou um recado ao executivo de marketing colorado Jorge Avancini:

– Isso é uma frase para o Avancini trabalhar – disse.

Ao final da missa, os colorados se levantaram e cantaram em coro a música entoada pela torcida que ficou eternizada quando Fernandão tomou o microfone e cantou para um Beira-Rio lotado, na volta do Japão, depois da conquista do título Mundial em 2006.

– Ô, vamos, vamos, Inter – gritavam, entre lágrimas, os colorados.

O corpo do ex-atacante Fernandão, morto em acidente de helicóptero na madrugada deste sábado, foi enterrado neste domingo, no cemitério Jardim das Palmeiras, em Goiânia. O velório do ex-jogador, que foi aberto ao público, correu por toda a noite de sábado e madrugada de domingo no ginásio do Goiás. Às 13h50, o caixão com o corpo deixou o local em um carro do Corpo de Bombeiros.

Entre os ex-companheiros de Fernandão presentes estava Iarley, que carregou o caixão. Pouco antes, a esposa do jogador, Fernanda Bizzotto Costa, fez um pequeno discurso, agradecendo pelo carinho de todos com o ex-jogador.

– O Fernandão era especial, tinha uma luz própria, e era muito simples, tratava todo mundo igual, do mais importante ao mais simples – disse.

O goleiro Clemer também compareceu para a despedida. Um dos melhores amigos de Fernandão,  ele era um dos mais emocionados durante a cerimônia.

– Que Deus possa receber ele. O que nós podemos fazer agora é consolar a família, que vai sofrer muito. No dia a dia temos que dar todo o conforto para eles. Fica uma lacuna, um buraco muito grande, ficam as lembranças boas que temos dele – declarou Clemer.

O cantor Leonardo, torcedor do Goiás, também foi ao cemitério reverenciar o amigo. Segundo ele, o momento é de consolar os familiares, e é o que ele quer fazer a partir de agora. Foi ele quem puxou as palmas ao fim da cerimônia.

– O Fernando é um grande ídolo. Eu estava fora, cheguei agora, e só de ver o amor dos torcedores por ele, pelo título mundial que ele conseguiu… Por onde ele passou deixou  alegria misturada com competência. Esse momento é para afagar os familiares, os filhos, a esposa, temos que confortá-los, a ficha não caiu ainda. Foi muito repentino. Vamos procurar estar perto para dar aquele abraço de amigo – declarou.