Invasor de Bota x Flu, não comparece ao juizado do torcedor
Infratores acompanham a palestra da assistente social na sede do Jetep (Foto: Elton de Castro)
Rua do futuro, número 99, bairro das Graças, Recife. Era neste endereço que o jovem Douglas Silva da Costa deveria estar às 15h20 do último sábado. Punido por invadir o gramado da Arena Pernambuco, durante o clássico entre Botafogo e Fluminense, no dia 7 de julho, ele teria que comparecer ao Juizado Especial Cível e Criminal do Torcedor (Jetep), uma hora antes de qualquer partida de futebol disputada na capital pernambucana, durante 90 dias.
Torcedor beija pé de Fred na Arena Pernambuco e é punido com 90 dias sem poder ir a um estádio pernambucano (Foto: Antônio Carneiro / Pernambuco Press)
Para recepcioná-lo, junto a outros 27 torcedores que cumprem punição, a assistente social Deolinda Brandão preparou a exibição de um vídeo educacional, apresentado durante a partida entre Santa Cruz e Fortaleza. Uma medida para impedir qualquer contato com o jogo. Cadeiras confortáveis, ar condicionado e uma TV com tamanho satisfatório deixavam o ambiente ainda mais convidativo. No entanto, o conforto não foi capaz de atrair Douglas Silva da Costa que, assim como outros 17 punidos, faltou ao seu primeiro compromisso com a justiça.
A ausência, no entanto, deverá trazer problemas mais sérios do que uma simples falta na caderneta de anotações da assistente social. Chateado com a postura do invasor, o coordenador geral dos juizados no estado, o juiz Ailton de Souza, garantiu que a falta não passará em branco.
– Não podemos aceitar esse tipo de postura (ausência). Entraremos com a tramitação, para abrir um processo comum. Demos uma oportunidade, mas agora ele poderá até mesmo ser preso.
Menos rigorosa que Ailton Souza, a assistente social Deolinda Brandão prefere esperar a justificativa do torcedor para a ausência. Segundo ela, Douglas precisa apresentar uma boa explicação para não ter comparecido ao Jetep.
– Era para ele ter vindo. Infelizmente, às vezes, os torcedores não comparecem na primeira oportunidade. Ele pode ter trabalhado no horário, por exemplo, mas teria que ter informado antes. Vamos ver o que aconteceu para que ele não comparecesse.
Mesmo que justifique a falta, Douglas Santos terá a pena agravada. Segundo Ailton Souza, a medida precisa ser exemplar.
– Vamos agir para saber o que aconteceu, mas com rigor. Certamente ele agravou a sua situação e será penalizado por isso.
Uma assistente cercada por infratores
A promessa de severidade parece não assustar boa parte dos torcedores punidos pelo Jetep. Dos 27 condenados, apenas 10 comparecerem à sede do Tribunal no último sábado. Número que, segundo Deolinda Brandão, não corresponde à realidade. De acordo com a assistente social, a assiduidade fica em torno de 50%.
– Realmente não vieram muitos torcedores. Mas não é sempre assim. Geralmente, 13 ou 14 torcedores sempre aparecem. Acho que a chuva atrapalhou um pouco.
Orgulhosa por tentar reeducar alguns torcedores e cambistas, a assistente social evita falar da falta de segurança do local. Apesar de dividir o espaço com infratores – todos homens – Deolinda Brandão conta apenas com um segurança. A polícia, que deveria fazer a proteção do local, dificilmente comparece ao Jetep. Deolinda procura minimizar a situação. Mas entre uma conversa e outra com os jovens, o temor de um atrito mais sério é evidente.

voltar aos estádios (Foto: Elton de Castro)
Após cumprir punição, torcedor do Sport quer ficar longe do Jetep
Se Douglas Santos recusou-se a iniciar o cumprimento de sua pena, Willians Arcanjo fez questão de assistir à palestra educativa. Punido por cantar músicas de uma torcida organizada do Sport, durante a partida entre Sport e Náutico, no Campeonato Pernambucano, competição onde a entrada de qualquer facção estava proibida, ele passou quatro meses comparecendo ao Jetep. Aliviado por ter pago tudo o que devia à justiça, ele garantiu que não pretende se envolver em novos problemas.
– Fui pego porque estava cantando músicas na arquibancada. Aí, os policiais falaram que estava fazendo apologia ao crime e acabei retido. Mas não estava. Mesmo assim, cumpri a minha pena e, felizmente, estou livre. Vou poder ver jogos, mas não quero sofrer outra punição. Até porque, a partir de agora eu seria fichado.
Fonte: globoesporte













